quinta-feira, 5 de abril de 2012

Esvaziamento

O café-da-manhã estava à mesa, a mesa de breve tom alaranjado. Era como se escoasse continuamente um pedaço dele. Da fome que ele não sentia.
Ele permaneceu na cadeira a vazar: suas invontades infiltrando externamente em seu corpo. Recomendaram que ele estivesse nesta falsa enfermidade por alguns dias. Na exata posição de partida - os olhos rebentos de lugar definido.
De si escoavam pormenores e, pelo cheiro era possível identificar que, dentro dele, havia um outro nome, as denominações outras de outros. E quando desconfiado deste interno, se angustiou com a falta dele mesmo e decidiu se desencher, furar-se e e recobrar-se seu.
Ao longo dos dias, sua cozinha foi somando líquidos e, concomitantemente, uma crosta se fixava em sua face, em seus braços, sem suas pernas, tornando-se irreconhecível. Era um novo rosto, um novo corpo, ainda que menos atraente, ainda que indefinidamente mais magro, quase de uma espécie inútil. Mas já estava próprio. para incrementar-se das idéias e sutilezas suas. Ele não era mais sociedade.

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