O medo perdeu-se
da noite e do dia.
Ficou o vazio do medo:
espaço com cheiro falso de brisa,
à espera de todas as coisas.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
A casa
a casa é janela
é porta
é morada.
a casa é feita de gente
gente que constroi
gente que mora
pessoa que sonha com outra coisa
pessoa que sonha em outra casa.
a casa é exausta das humanidades
e a riem, a riem porque é acúmulo.
mal sabem que é passagem de quem sempre morre.
é porta
é morada.
a casa é feita de gente
gente que constroi
gente que mora
pessoa que sonha com outra coisa
pessoa que sonha em outra casa.
a casa é exausta das humanidades
e a riem, a riem porque é acúmulo.
mal sabem que é passagem de quem sempre morre.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Meio
era como estar em uma escada
temendo
o topo e o baixo
em algum degrau
contagiando os transeuntes
só parados no chão,
sem a proporção do meio
Saudade
falamos de tardes,
de ditados,
de horas.
mas os distintivos não estancam o coração.
a vontade existe,
a imagem é aquele significado sem palavras.
a questão é que
tardes,
ditados,
horas
não resolvem nada.
domingo, 16 de dezembro de 2012
Tudo há de ter um fim
já
antes que logo.
depois
antes de acabar.
amor
já ao acabar da dança.
recordação
logo depois dos gestos.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Mundo
segue uma letra
depois de uma letra
e se há o mundo. de qualquer lugar.
O mundo é uma caligrafia.
depois de uma letra
e se há o mundo. de qualquer lugar.
O mundo é uma caligrafia.
Destino Navegável
Meus olhos testemunhavam-no. Viam-no mais que inteiro: viam seus reflexos, seus mormaços.
Ele se sentou à minha frente, de olhos grandes e existentes.
Fingíamos que o mundo todo habitava aquela mesma tarde, aquele espaço entre nós: aquele todo era a sós.
- Distante?
- Ainda mais perto.
- Perto?
- Do destino.
O mundo aplaudia, só com o início da noite, como por toda a eternidade, os abalos que causam tal encostar de frente de joelhos e olhos. Abalos que não se desperdiçam.
- Assim?
- Não.
- Não é destino escrito, prescrito?
- Destino navegável.
- Navegável?
- Há sempre caminhos, de qualquer jeito, em mim, navegável.
- Sou barco?
- É pedaço que leva a mim no houver, quase até secar.
Ele se sentou à minha frente, de olhos grandes e existentes.
Fingíamos que o mundo todo habitava aquela mesma tarde, aquele espaço entre nós: aquele todo era a sós.
- Distante?
- Ainda mais perto.
- Perto?
- Do destino.
O mundo aplaudia, só com o início da noite, como por toda a eternidade, os abalos que causam tal encostar de frente de joelhos e olhos. Abalos que não se desperdiçam.
- Assim?
- Não.
- Não é destino escrito, prescrito?
- Destino navegável.
- Navegável?
- Há sempre caminhos, de qualquer jeito, em mim, navegável.
- Sou barco?
- É pedaço que leva a mim no houver, quase até secar.
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