sábado, 31 de dezembro de 2011

Haja

Que as sequências
apareçam,
se distinguam. Noturnamente
quaisquer.
Qual queres:

leve a polca sempre à frente.


sábado, 24 de dezembro de 2011

De composição

Marítimos.
Assim,
Realejo.
Ainda que calmos,
Ainda que calados.
Pois mar.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Decoração da Terra

Não seja preciso ir a lugar algum. O pricopó já está aqui dentro - quando apenas acordei em um dia de gente de Deus: houvesse uma neblina de reflexos comemorando a terra e o firmamento.
Cabia tudo levemente em mim.
Porém, nisso, a imperfeição estava em, às vezes, desejar diversos quereres concomitantes - nos é inerente o querer plural - mas nosso corpo se apetece sempre por um único querer, creia-se, coagulando-se olhos em um único porvir - creia-se.

O processo da definição da vontade era o corpo naquela precipitação prévia de doença, embutindo todos os destinos no qual poderia se coagular - tornar estátua o que principiava morte. Era essa a escolha do corpo. Por isso não era necessário contonar o mundo, todo o sangue estava em mim.

Estava no meu sangue. inclusive, as imagináveis felicidades que não conseguiria reproduzir.

E no dia de Deus, em que meu corpo me bastava como abrigo e continuação do mundo, após uma breve cãimbra sonora, meu corpo se levantou e foi à casa e observou e do alto, da varanda, todos os coágulos que firmam a Terra.

A Terra é coberta de vontades.

Verão do alto

Hoje a cidade é um calabouço raso
cheio de indistinas pessoalidades.
Pois o verão chegou
e a cidade despencou dentro das
horas quentes.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O homem que conheceu uma parte do mundo

Existem maneiras indecoráveis e sem reflexo.

Nele perpetuava-se um certo medo de perder os movimentos - também há de se contemplar o pavor da chuva que descai pelo mundo. para sempre - prudente seria, certas vezes, desentir e contagiar-se de todas as possibilidades do corpo, mas aqui não há prudências.

No acometimento do qualquer dia, para manter-se diversas vezes paralisado, de centenas de outras maneiras, ele passou a ser incapaz de reproduzir um mesmo sentimento. Os problemas desse propenso ineditismo eram inúmeros. Ele já sabia como amar pai e mãe - porque só havia um - mas não descobria como sentir toda a gente que restava no mundo e como amar um brinquedo novo de um jeito diferente do antigo.  Sequer era possível agrupar pessoas na memória, pois, definitivamente, nada existia que as assemelhasse.

Clandestinamente, a vida apresentava outras saídas.

Ele estava sentindo, então, cada vez mais de maneiras racionais: amou a primeira mulher com toda a realidade, e ainda  a primeira mulher com agradecimento, e depois a primeira mulher com amor, e seguidamente a primeira mulher como quadro, e posteriormente a primeira mulher como brinde e assim a primeira mulher como janela - foi de junções a comparações, assim era o seu amor. Da mesma forma sentiu os livros, as floriculturas, os perfumes, as calçadas, os telefones, as divindades ...

Chegou, enfim, o momento em que não pôde mais perceber-se de forma reprisada. Integrava-se ao mundo do eterno paralisamento, onde o sentir suprime o corpo: era necessário interromper-se e enlouquecer definitivamente.


Homem descoberto

Às 5 da tarde
e ele ainda era poético.
Calçou-se além dos outros homens.
Cheio de voz,
cheio de de repentes,
Repleto de esconderijo.