domingo, 31 de outubro de 2010

Meu outro outubro chegou e já se vai ... mas volta, logo volta, muito mais feliz!

Ah, se eu vou!

O meu dia de auge foi comigo mesma. Vivi assim um domingo ensolarado, em completa solidão. Senti a vibração de meus quadris e as voltas da saia do vestido. E você continuou nele: imposto à minha pele e a todas as imagens do dia. Durante a dança ímpar, repeti as mesmas melodias, incansavelmente, e sorri. Caí suada, cansada e pensativa, ah, como é bom ser só minha e só, solidão de mentira, disputa de felicidade e medo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Teu nome

Eu poderia escrever teu nome dez vezes, mas o que isso confessa de ti?
Descobri repetindo que de nada vale: teu nome.
Teu nome poderia ser o título de uma exposição new wave ou de um quadro renascentista qualquer ou uma continuação de palavras que ultrapassasse a margem da folha ou nome de uma praça do centro da cidade - que você conhece tão bem!
Teu nome poderia ser qualquer coisa que revelasse algo permanente e concreto de ti.

domingo, 17 de outubro de 2010

- E se eu te desse a minha juventude?
- Eu, simplesmente, me tornaria mais velho.

Velho e Moço

Nunca saberás do álbum mofado
que guardo de tuas expressões tão comuns.

De tua letra não pude resgatar nada...
Não tive chance de conhecê-la
A não ser quando roubei uns papéis invisíveis e sem importância.

Não precisei desejar que saísses de perto de mim,
tu o fizeste naturalmente...

Sempre soube que seria assim,
mas as imagens citadinas continuam sendo tuas.
Dedico minha vida
às casinhas amarelas, que não existem mais,
e a todas as simplicidades perdidas.

Doo meu motivo de vida
à Penísula Fernandes, ao Chico e à Rosa.

Há a possibilidade, talvez, de viver num recanto de feira
Cheiro de praia e camarão.

Reconheço a paternidade
das telhas de barro
e das velhas canções antigas.

À beira da estrada,
Barraquinhas tímidas,
Caladas, solitárias,
velhas doces.
Parecia uma tosca cena de cinema:
Quadros fechados,
Falas simultâneas,
sentimentos transcendentais.
O livro está aqui há semanas...
Ele, definitivamente, não me quer!
Os ímãs na geladeiras
conhecem mais a escuridão dessa casa
do que toda minha existência.
Se a minha casa fosse um aeroporto,
eu ainda estaria aqui.
Não sou livre,
mas ninguém me prende
além da minha própria vontade:
aproveito a libertinagem da escravidão.

Há!

Me fiz de suspense,
me despistei
e desci as escadas
Me embati com as panelas
e garfos esparramados,
oh, sem fé na gaveta!

[ ]

[Em meu pensamento, no singular e no tapete!]

A tarde é inexpressiva e finda
Para tudo o que existe e ainda não foi descoberto.
Hoje, enfim, parace haver perfeição e sentido
em coisas inexplicáveis.
Mas ainda falta a imperfeição das certeza.
Ah, as malditas certezas.

Janta

O nosso carnaval era no ônibus.
E éramos insanos,
como eu sempre quis ser.
E lá, só lá, na muvuca de nós,
aos dias faltavam cronômetros. Era tudo uma vida completa:
da pasta de dente ao sono na esteira em noites de 30 graus.

Vivendo


Que seja como olhar o mar: contemplar toda a imensidão e saber que ela se finda.

Que a vida seja como olhar o mar!

domingo, 10 de outubro de 2010

É, um misto quente, por favor!

Ela estava em um corredor do supermercado, tentando parar de se imaginar em terceira pessoa. Reparou nas latas verdes e amarelas, no alto de uma das prateleiras, e lembrou da vontade, do prazer de ir ao supermercado com ele, só para decorar suas marcas e comidas favoritas. Essa foi sua primeira reação àquelas cores, mas tudo já estava misturado: ela queria aquela mesma sensação do outro com outro, em outro corpo. Da mesma forma, ela não soube explicar por que dois se tornavam um. Ela não sabia explicar a razão pela qual aqueles dentes largos e gengivas à mostra e aquela barba, feita no mesmo dia, se registraram densamente nela. Ela sabia que não havia feito nada certo: nem o corpo, nem a boca, nem a voz, nem a lembrança executou com perfeição. Não sabia, por sua vez, se ele havia dito as palavras certas, se a havia tocado do jeito certo, se a havia olhado da maneira correta: não sabia se havia jeitos. Mas soube que ele foi embora e ela ficou. Desde então, ela observa, do mesmo lugar, tudo o que nela ele descobriu: carne nua e olhos transparentes.
Ela sabe que sente saudade e será uma saudade que, segundo a prescrição da data de óbito, morrerá de desencanto e cansaço. Para se salvar, deseja se punir de embriaguez e ficar bêbada até se ver sozinha em um mundo inédito e dizer para ele, que apesar de tudo o que nunca acontece, ela gostaria que acontecesse entre eles. Ela queria ser dele, como o misto quente que ela pede agora.

sábado, 9 de outubro de 2010

Eu preciso criar um novo verbo - como faltam palavras - só para poder te dizer que
você me IMENSA!

O casório dos laços infantis

O casório dos laços infantis
Se faz de mandioca e fé.

No meio de um lado
Havia gaivotas e, pasmem,
Pedrinhas no chão.

Não havia poetas
Nem a canção de Baden Powell
Havia a imensidão
De uma dor, calma e azul ou amarela.

Talvez se torne Pasárgada
E um retrato do inconteste.

Meu outro outubro chegou!!

Todo dia de outubro acordo:

BOM DEVE SER MORRER DE UMA SÓ VEZ E NÃO POR PARTES!!

VIVA AO EXCESSO!

21:00

Não durou nem uma novela mal durou
um capítulo de novela, mas
se fosse um filme hollywoodiano, não faria sucesso,
se fosse um filme indiano, muito menos.
Já se fosse um filme cult faria sucesso, mas só pela minha atuação:
você nunca se promoveu a mais do que um coadjuvante em todas as cenas!
Nem de mentira você soube ser inteiro!