quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Esplanada

Foi feito surpresa em hora de cotidiano,
afinal, o que há de muito no mundo é o infinito.

No prato de alumínio,
de barulho de grande rio que seca,
ela unia o pouco de que necessitava:
farinha, feijão e cerveja.

Habitação de duas portas: a azul dava para
a rua principal, caminho de gente, de plantas de mangueira.
Era porta do mundo.
A outra, porta de madeira, fechava com trinco velho
e segredava as brincadeiras de quintal, esse tão sem destino,
que nem em pequeno tive pés para mapeá-lo. Seu território
era de areia, caixa de água fresca, intermitente, luminosa.

Casa de quatro cômodos. Habitação de terra, cheiro do que vem do homem.

Já ela só quitanda de panos de esplanada. Tecidos de seda cheios
de cheiros vividos e viventes. Sempre na constante espera da providência da vida
feito adorno que só se descolore e vai sumindo, despedindo...

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