terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O falso singular

Havia o desejo incessante de render-se à piscina: era de azul saciável. Mas ela não podia, não a deixavam - era obrigada a permanecer na polidez da terra. 
Era domingo e festejava-se, ainda que ela não soubesse a razão e nem a questionava, uma vez que seus pormenores individuais eram realmente mais importantes do que a névoa de adultos transeuntes. 
Sua intenção era simples. Ela pronunciava, mas parecia inaudível: os outros não atentavam à voz. Desde a manhã, ela apreciava os efeitos da água, porém era sempre necessário esperar! Aguardar despertar nos outros, os mesmos desejos dela. Era mumificar-se à espera do destino alheio! Foram exaustos momentos de expectativa: tinha de esperar o Sol se aprochegar ao dia, na posição exata. Esperar até a querência do universo!
E chegou o instante, sabe-se lá por qual razão algum conectar da vida libertou esta lasca: ela sentou-se à beira fria, esfregou os pés na água e pulou.
E chegou o instante: já na piscina, ela compartilhou da realidade - não de tanto a desejar, mas de a aprovarem. Porém, de alguma forma, dentro, sentia que as escolhas individuais não existem ... era como se existisse água somente aos domingos.

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