Seus braços se moviam quase submarinos, além da superfície dos homens.
Os braços diziam: "Leve-os, leve-os todos à barca e os joguem." E o homem nos conduzia: da cidade à areia - da areia ao mar - do mar ao fundo.
A barca era ele: o homem dono dos braços - que também se afogava, submerso.
Nós, em pouca multidão, distinguíamos o encantar da sinfonia - que ensaiava pelos ombros, pêlos, terno, dedos direitos e canhotos daquele homem. Um homem de braços e outros membros que regia as fantasias de nós.
Seguimos.
Onde quer que seus braços apontassem, para lá também sentíamos. E sentíamos um cada vez maior. E acima de nós, o mundo já pesava.
Era o fundo: distrito caudaloso.
Estávamos no abismo da força daqueles sons - enquanto nada houvesse, se era tudo. Era a execução da orquestra!
O Regente ou A Orquestra Submersa
ResponderExcluirEmbaixo d'água, os braços são bocas.
O Regente (ou maestro, dá no mesmo)surge na figura de um "ser oceânico". Ele não está submerso, ele é submerso, em seus gestos, a unir de novo céu e terra - como o mundo era no princípio, antes de ser separado por Cronos.
O maestro, mesmo que não saiba, perfaz a mesma história que Ulisses fez: Domina o canto das sereias, confinando-as em seu próprio encantamento.
O Oceano é profundo, hipnótico, fatal.