domingo, 27 de maio de 2012

Os corpos da eterna meia-noite

Incometiam em outras horas. 

Era - diante deles - sempre meia-noite naquele meio-dia.
Viam a meia-noite dos olhos - em sol pleno. Aí: seus corpos só sabiam se tatear à busca da noite azul que se encobre, se instalando indefinida.
E já em falso temor do amanhecer - com o real pavor de que florescesse a luz, que o real despertasse - eles desperdiçavam olhares de não mais caber naquele beco. Atreviam palavras originais - palavras de noite e de aurora - para desmemorar o fim.
E depois -  já quietos -  abalavam-se no mesmo ritmo, similares: corpos: dois corpos. 
Corpos que liberavam imensidão, feito o topo do precipício.
E cansados jamais solicitavam a aurora, a claridade ofuscava os olhos já tendenciosos ao par. 




  

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