terça-feira, 8 de março de 2011

A lição da intriga

Eu tinha um arco-íris na cabeça,

um convidado anônimo para o jantar,

um conjunto de suspeitas

e um jogo de cartas.

Discretamente, porém, veio a intriga. De tão feroz derrubou trapezista, descoloriu o circo e só não desmistificou a mágia em cena, porque a intriga era burra para isso.

A intriga aumentou minhas suspeitas até me contemplar suspense - acho que isso foi um prêmio - mas ainda assim, a intriga acordava todos os dias pensando no que eu só refletia de vez em quando.

Eu, conscientemente, me dava conta de que sempre há dia e de que o alto é feito de escadas.

Já a intriga inaugurava todos os coadjuvantes do mundo e ela tinha toda a razão nesse empenho: um amigo me disse, em um lugar muito barulhento, que o mundo de cada um é composto por quinhentas pessoas... o restante do universo é coadjuvante, ou seja, somos cerca de 5.999.999.500 vezes figurantes no mundo e como a intriga pode se despreocupar disso? Ela andava muito desorientada, tonta e, em mais uma noite, me esqueceu para ir prestigiar outros seres humanos, me deixou só.  E ao som de samba miudinho feito desfecho santo, me desvinculei só - a intriga sentiria orgulho disso - dos 500 habitantes do meu mundo.

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