sexta-feira, 15 de abril de 2011

Intermitência da fraca protagonista

Ela achava bonitinho o cotidiano: procurar nos folhetos ofertas para os filhos, os vestidos de menina, a comodidade do sol batendo exato no corredor, a tarde de sábado, exercícios de outra língua.
Apesar de exagerada na utilização de palavras no diminutivo, ela não se sentia menos: ela se sentia só, uma falta extrema do que fazer com a sucessão dos dias cheios de vento de quase não mais madrugada: sentida por toda coisa.
Assim admitiu vontade e castigou-se. Era o momento de aceitar que as frases lidas, a geografia, os bares, o clima, o apartamento, a comida feita se entupiam de lembranças e medo. Será não ser verdade? E o que fazer com isso, se o mundo permanece dentro?
Silenciou-se a questionar as manifestações corporais. Ela reconhecia a espécie de outro acúmulo dentro de si. É o resultado de uma curta via que já a inflama até piscar longamente os olhos. É a culpa e o exagero, talvez o desejo de condizer com o embate sem razão. Pena nunca poder ver a vista ao longe.

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