Agora, seu tom me lembra da poetisa angolana Paula Tavares, no uso de vírgulas, como representações de hesitações ... você já leu Paula Tavares? O CERCADO De que cor era o meu cinto de missangas, mãefeito pelas tuas mãose fios do teu cabelocortado na lua cheiaguardado do cacimbono cesto trançado das coisas da avóOnde está a panela do provérbio, mãea das três pernase asa partidaque me deste antes das chuvas grandesno dia do noivadoDe que cor era a minha voz, mãequando anunciava a manhã junto à cascatae descia devagarinho pelos diasOnde está o tempo prometido p'ra viver, mãese tudo se guarda e recolhe no tempo da esperap'ra lá do cercado (Dizes-me coisas amargas como os frutos)
Agora, seu tom me lembra da poetisa angolana Paula Tavares, no uso de vírgulas, como representações de hesitações ... você já leu Paula Tavares?
ResponderExcluirO CERCADO
De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó
Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado
De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias
Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado
(Dizes-me coisas amargas como os frutos)