domingo, 9 de outubro de 2011

Ele desconhecia seu equinócio

Durante o jantar, sem outra forma de conceber a saciedade, ele curiosiou na existência dela. Cheio de aforismos, não hesitou em colecionar palavras! Desenhava-as mentalmente no corpo dela.
Ali, no entorno da cintura - onde um tanto torta, em posição de quem busca o que já foi, o vento atravessa em calmaria -pintaria idioma. Nos pés contemplaria cada letra: a l e n t o. Se somente os pés dela o quisessem, bastariam eles, para caminhar até aquela sala de jantar e, simplesmente, não haveria outra saída.
Esboçaria presságio nos seios.  Afogamento nas costas, em todo o comprimento, que nunca pôde sentir quente nem em dias de vestido ou em ondas de praia.
Nas pernas distribuiria muitos jardins, reproduziria diversas vezes jardins, minusculamente, de caneta vermelha. Borraria os olhos de constantes. E nos quadris seria primavera e mais um borrado de cores, as favoritas de novembro.

E em um certo mês de outono, eles primaverão juntos.
Ele desconhecia seu traço de equinócio, contudo, ela já o investigara muito bem e ousadamente pintava o corpo dele todo de 12 horas.  


Um comentário:

  1. Ah Juliane meu comentário seria subjetivo , por isso menor nesse momento...

    ResponderExcluir